A nova epidemia do século 21

ATUALIZADO Dezembro 26, 2020

A constante busca pelo aprimoramento da performance e produtividade, as constantes exigências de qualificação e a ameaça de desemprego, entre outros, fazem parte do cotidiano do trabalhador, e também são potenciais fatores desencadeantes de estresse e depressão. Níveis de exigência nessas proporções necessitam de alguns cuidados preventivos com a saúde física e principalmente mental, com o intuito de evitar o aparecimento do Esgotamento Profissional, conhecido como Síndrome de Burnout.

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão, fazendo com que atinjam patamares de desgaste superiores às suas capacidades potenciais. Quando não há um acompanhamento adequado, o trabalhador chega ao ponto de desistir da carreira, pois nada lhe dá mais prazer, afastando-se de seu potencial laboral.

Burnout, termo de origem inglesa “perder o fogo” ou “queimar para fora”- burn-out, tem sido qualificada por pesquisadores como “a praga do Século XXI”, consiste em um dos danos laborais de caráter psicossocial mais importante da sociedade atual, o portador muitas vezes não sabe que a possui, e assim, sente a necessidade de se afirmar, transformando em obstinação e compulsão o desejo de realização profissional, fenômeno ligado à ideia de ser um workaholic – pessoas que vivem para o trabalho.

O recente crescimento do interesse por essa síndrome está associado ao aumento da procura populacional aos serviços sociais, educativos e de saúde, ligados a distúrbios de esgotamento físico, sofrimento psicológico e emocional, apresentando sintomas como fadiga, distúrbios do sono, dores musculares e de cabeça, irritabilidade, alterações de humor e de memória, dificuldade de concentração, falta de apetite, sentimentos negativos, isolamento, depressão, perda da iniciativa e produtividade.

A síndrome se desenvolve através de multi determinantes, resultante da interação de variáveis psicológicas, biológicas e sócio culturais, sendo de difícil diagnóstico e exige uma análise mais aprofundada da questão. Dessa forma, o grau e o tipo de manifestações dependerão da configuração de fatores individuais (predisposição genética, experiências sócios educacionais) e fatores ambientais (locais pessoas e condições de trabalho).

Observa-se em estudos que quando o meio ambiente laboral possui vários determinantes estressores, a Síndrome de Burnout, de modo lento e gradual, acomete seus trabalhadores, tornando estes incapacitados de forma temporária ou permanente, dependendo do grau e severidade da doença. As condições de trabalho e a forma de execução, tanto do ponto de vista físico como organizacional, são elementos importantes no processo de desenvolvimento da síndrome, portanto fazem surgir ou agravam as condições físicas e psíquicas dos trabalhadores.

O empregador precisa estar atento às mudanças de comportamento de seus empregados, principalmente quando aparenta sensação de esgotamento físico e emocional, tendo atitudes negativas em relação ao trabalho, tornando o local inseguro e penoso para todos. Seus efeitos interferem em nível individual, profissional e organizacional, e podem provocar prejuízos na esfera pessoal e afetiva, atingindo até mesmo a esfera institucional.

A modernidade evidencia e repercute suas ambivalências, por um lado, o desenvolvimento científico é cativante, por outro, a decadência de princípios éticos e o desgaste da qualidade de vida sugerem um futuro comprometido, levando em conta a quantidade avassaladora de sintomas doentios e medicalização que emergem no âmbito laboral.

Para reverter o quadro é preciso o enfrentamento direto no problema, sendo essencial procurar apoio profissional no surgimento dos primeiros sintomas e também identificar as possíveis falhas na ergonomia laboral, pois lidar com o ser humano significa lidar com sentimentos e valores distintos, que precisam ser considerados na busca de melhores condições laborais, num meio ambiente de trabalho equilibrado.

Referências:

Ministério da Saúde. Disponivel em: Link. Acasso em 23/07/2020.

CARVALHO, E. H.; OLIVEIRA, C. R. P. F; PINTO, R. M.F., Síndrome de Burnout e a invisibilidade dos problemas de saúde mental do trabalhador. Unisanta Law and social science; Vol. 7, Nº 3 (2018), pp 259 – 274, ISSN 2317-1308. Disponível em: Link. Acasso em 23/07/2020.

TORQUETTI, J. A.; SILVA, G. R. P. da; CABRAL B. F.; ARAUJO, C. A. S. de; THEISEN, G. R.; GARBOSSA, D. Síndrome de Burnout em profissionais de Enfermagem que atuam em Urgência e Emergência, In: IV Semana Acadêmica de Enfermagem II Fórum Multidisciplinar de Saúde Pública, Anais, pg: 81-85, 2012. Disponivel em: Link. Acasso em 23/07/2020.

Fotografia: Pawel Szvmanski

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