As alterações climáticas e a migração

As alterações climáticas em todo o mundo não tem impactado somente o meio ambiente. Inundações, tempestades, falta d’água tem ocasionado um fenômeno relativamente novo chamado de migração climática.

Como o próprio nome fala diz respeito à mudança de habitat provocado por alguma modificação no clima. Já imaginou ter que sair da sua casa porque ela não existe mais, já que foi destruída por um furacão? Ou ter que abandonar uma região pela escassez hídrica?

Problemas desse tipo afeta cada vez mais pessoas em diversos países. Um estudo recente, publicado em maio deste ano pelo Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC), com sede em Genebra, apontou que os fenômenos climáticos tiraram 30 milhões de vezes pessoas de suas residências no ano passado.

Os climas extremos, juntamente com a violência e guerras resultou em 40,5 milhões de deslocamentos novos internos no ano de 2020. O dado é bastante significativo, pois esse número de deslocamentos é o maior contabilizado em 10 anos.

Outro dado alarmante descoberto pela organização sediada em Genebra é um recorde de 55 milhões de pessoas vivendo como refugiadas no próprio país no ano passado. Segundo a diretora do IDMC, Alexandra Bilak algumas dessas pessoas conseguiram voltar para sua residência rapidamente.

Já famílias australianas afetadas pelos incêndios florestais, moradores que ficaram desabrigados pelo Ciclone Harold em ilhéus no Oceano Pacífico e os 5 milhões de sul-asiáticos removidos antes do ciclone Amphan em 2020 não tiveram o mesmo destino e apresentam dificuldades para o retorno ao lar.

Conforme explicou Bilak, o deslocamento pode durar meses e até anos e tem afetado até mesmo países ricos. A diretora do IDMC disse ainda que o fenômeno representa um choque, mesmo que seja de forma temporária.

Ainda é equivocada a ideia de que as alterações climáticas irão provocar uma migração em massa para países ricos, já que a maior parte do deslocamento é interno, de acordo com a chefe de programas do IDMC Bina Desai. Para a especialista, o apoio a essas pessoas é fundamental, no lugar de pensar no risco da chegada delas às fronteiras.

Em 2020, os cientistas já deram novas pistas sobre como as alterações climáticas influenciaram a migração para fora da África. O relatório da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, de 2020, aponta que as pessoas saíram do continente conforme foi diminuindo a quantidade de vegetação no local.

O levantamento revelou ainda como as alterações da órbita da terra também estão relacionadas com a mudança de clima. Explicou ainda a modificação da fauna, no decorrer do tempo, ter influenciado a migração.

O integrante da pesquisa e professor de ciências atmosféricas e oceânicas da Universidade de Wisconsin-Madison, John Kutzbach afirma que os pesquisadores ainda não sabem explicar o motivo da mudança das pessoas, mas a vegetação cada vez mais presente é algo que poderia fazê-las ficar.

Para realizar o levantamento os cientistas utilizaram um programa capaz de simular  condições no planeta terra. Testes foram realizados com a representando alterações da órbita combinadas com alterações de gases do efeito estufa.

Houve também uma simulação que fazia a combinação de ambas influências com camadas de gelo predominantes na era glacial.

A pesquisa apresentou o seguinte resultado:

Elevação de precipitações e vegetação em 125 mil, 105 mil e 83 mil anos atrás, com reduções correspondentes há 115 mil, 95 mil e 73 mil anos. Entre 70 mil e 15 mil anos atrás, o passava por um período glacial, que levou o planeta a um clima mais seco e menor cobertura florestal.

Fotografia: Mahdi Bafande

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