Entrevista exclusiva do IOYK | BR com o Guaen Lee – SP, Brasil

ATUALIZADO Dezembro 22, 2020

Benvindo ao IOYK | BR Guaen. È um prazer tê-lo aqui conosoco.

Guaen Lee – Olá leitores do IOYK | BR, eu me chamo Guaen Lee e acredito que nós podemos mudar o mundo através da arte e do pensar criativo! Além de artista plástico, eu sou estudante de Arquitetura e Urbanismo pela UFPR e ativista das causas em que acredito e defendo. Logo, eu tento passar toda a essência do meu eu e das minhas crenças no meu trabalho.

Os símbolos na ilustração onde você misturou folhagem são uma linguagem real ou puramente artística?

Guaen Lee – Todas as sociedades humanas possuem símbolos que expressam mitos, crenças, fatos, situações ou ideias, sendo umas das formas de representação da realidade – eles existem desde o início da humanidade como forma de comunicação.

Dessa forma, eu acredito que a sociedade atual se encaixa em uma era de caos complexa, globalizada e conectada, na qual em segundos é moldada pelas imagens que se tornam símbolos que movem o mundo à partir de apenas um caractere que podem significar toda uma causa ou sentimento.

Os símbolos são abstrações materializadas do nosso mundo. Logo, eu busco em minha arte conectar a face humana, o olhar, o sentimento às simbologias que dão razão e sentido para o significado de cada ícone gráfico. Por exemplo, eu gosto muito de usar o símbolo do olho com os cílios. O olho é um símbolo da percepção das coisas, entendido como o elo entre o mundo interior ao exterior, ou seja, a nossa essência diante do que cada ser humano interpreta para si mesmo do mundo.

Quantas horas de trabalho são necessárias para você concluir um projeto?

Guaen Lee – O desenvolvimento e o amadurecimento das ideias são um tempo incalculável, pois mesmo depois de iniciado o entendimento das referências, meu subconsciente trabalha o dia todo por dias às vezes até eu ter uma ideia inicial do que planejo fazer.

Ai são horas de desenvolvimentos de alguns esboços digitais. Eu lembro de ter calculado uma vez, mais ou menos, umas 7-8 horas não seguidas para arte digital, sendo elas divididas em busca pelas referências online, esboços físicos e rabiscos no iPad, photoshop, até se materializar em em um preview digital. Aprovada a arte, eu tenho no graffiti uma média de 10 a 15 m2 em 8h/dia dependendo do projeto. Então para uma arte de 15m2, por exemplo, levariam em torno de 16 a 25 horas no total, aproximadamente.

A arte vista no vídeo foi um pedido do seu cliente?

Guaen Lee – Primeiramente, eu sempre prezo pela minha liberdade criativa total nas artes. Meu acordo com os clientes é materializar suas idéias no meu estilo. Na arte do vídeo, por exemplo, o cliente solicitou que a arte simbolizasse e expressasse os sentimentos de luta e perseverança, uma vez que a arte foi feita em uma porta de comércio onde sabemos bem o quão complicado é trabalhar com vendas e quão árduo é esse esforço. Dessa maneira, escolhi a imagem de uma índia, que em seu olhar expressa toda essa luta, pois o ser feminino e a comunidade indígena necessitam vencer batalhas todos os dias para permanecerem em pé.

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Street Art

Quais são os processos necessários para dar inicio a um projeto e quais são suas técnicas preferidas para desenvolver-lo?

Guaen Lee – Depende muito, geralmente a fase de desenvolvimento é bem mais extensa, pois à partir da aprovação do orçamento eu peço ao cliente que me mande algumas referências, sejam elas em imagens, música, poesia ou até o sentimento que o cliente quer para o espaço. Logo, eu tento entender a essência de cada projeto.

Então, eu começo absorver isso lentamente durante o meu dia, mesmo não estando trabalhando exatamente naquilo no momento, eu me percebo digerindo aquilo no meu subconsciente, e quando aparece algo interessante depois de várias ideias pensadas e descartadas, eu as anoto ou faço vários croquis em um caderninho que sempre está comigo.

Mas, em questão do meu processo criativo, ele é bem diverso. Depende muito do meu eu no momento, teve projetos com cronogramas apertados que os comecei direto no digital, e outros longos tempos de estudo no papel, em músicas, poesias, algo que me conecte com o objetivo daquela arte.

Eu tenho tentado evoluir a maturidade do meu desenvolvimento, tentando achar novos meios de criar, como a colagem física (estou aprendendo ainda, Lol). Acredito que eu não quero ter uma técnica favorita, quero estar em constante evolução do meu processo e descobrindo novos jeitos todos os dias.

Há alguns meses, os grafites de dois artistas americanos foram vandalizadas em Nova Iorque, porém eles iniciaram um processo civil, eles receberam cerca de 6 milhões de dólares… O que você pode comentar sobre esse assunto?

Guaen Lee – Bom, não precisamos ir a Nova York, aqui mesmo em São Paulo há alguns anos atrás o antigo prefeito cometeu os mesmo crimes e foi processado pelo  apagamento de grafites tombados como patrimônio na Av. 23 de Maio.

Eu acredito que isso são atentados contra a cultura street art, uma vez que o grafite é uma forma de deselitizar a arte de galeria, é uma forma de dar acesso e universalizar a arte e cultura para todos. Então, atos como os acontecidos em Nova York, São Paulo e no restante do mundo, são um atentado à cultura, reafirmando mais uma vez que o nosso sistema vê e escolhe quem tem acesso a esses privilégios.

Você está estudando atualmente ou você já é um aluno graduado?

Guaen Lee – Iniciei meus estudos em arquitetura e urbanismo em 2016 na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, mas por problemas financeiros fui obrigado a deixar o curso. Com sede de voltar a estudar, eu me inscrevi em um cursinho preparatório em que consegui uma bolsa de estudos praticamente integral. Em 2018, conquistei a vaga na UFPR e consegui continuar seguindo meu sonho na cidade de Curitiba. Atualmente, estou no terceiro ano de estudo na universidade.

Minhas motivações no grafitti e na arquitetura compartilham da possibilidade de poder transformar o espaço em um lugar melhor para as pessoas. Atualmente, eu sou bolsista no programa de iniciação científica, no tema de telhados verdes, que estuda uma maneira de mitigar os efeitos da urbanização desenfreada das cidades.

Sou apaixonado pela área de projeto, adoro participar de concursos que me façam pensar fora da caixa. No ano passado, minha equipe foi premiada em um concurso internacional para um conceito de casas nômades no clima desértico. Outra conquista, porém pessoal, dessa vez, foi minha aprovação um dos estudantes representantes brasileiros em uma das etapas do congresso mundial de arquitetos, no programa Summer School RIO2021, digamos que estou bem ansioso para esse evento (risos).

Você gostaria de comentar sobre sua história ao redor da arte?

Guaen Lee – Gosto de me ver como uma pessoa fractal, ou seja, aquela que é constituída do conjunto das minhas vivências. Logo, a minha vida é é a soma desses fragmentos selecionados desse eu-cubista, facetado por volumes de experiências que moldaram a minha pessoa.

Meu nome é Lee Ha Guaen Neto, eu tenho 22 anos, eu nasci no interior de São Paulo, Sorocaba, de uma família que desde sempre trabalhou no ramo de casa de shows e baladas, então a arte está presente na minha vida desde moleque, na música, no teatro, nos desenhos infantis que tentava copiar depois de chegar da escola, nos grafites das ruas, na gastronomia, entre outras inúmeras formas de expressão, desde então a arte me preenche.

Eu, desde criança, me via em hobbies que envolvem a criatividade. Eu já fui jogador de Yoyo, aprendia a fazer mágica, desenhava os desenhos que eu gostava, tentava imaginar como criar as coisas que eu precisava. Porém, aos 13 ou 14 anos, eu me via como uma pessoa tímida e decidi que eu iria mudar aquilo e acabei fazendo teatro, o que abriu o mundo para mim.

Foi quando eu percebi o quão eu era capaz de realizar minhas coisas. Desde sempre eu desenhei, mas lá pelos meus 16 anos eu comecei a pintar com aquarela, depois aos 18 parti para tinta acrílica, nessa época eu já quando morava na cidade de São Paulo na idéia de tornar algo rentável eu comecei a produzir telas para vender em uma plataforma de venda de arte online, porém eu me deparei em um mundo da arte tão complexo das galerias que o hobbie que tentou virar comercial voltou a ser hobbie.

Só então quando me mudei para Curitiba aos 20, eu tive a oportunidade em uma brincadeira de pintar um muro no fundo de uma academia de um amigo meu, foi ai que postei esse mural nas minhas redes sociais que começou a aparecer alguns trabalhos e organicamente cresceu e hoje eu consigo viver com grande parte das minhas despesas com a arte. Então quem é Guaen Lee? Diria eu, que é apenas jovem paulista apaixonado pela arte, buscando expressar seus anseios e conflitos através de tinta nas superfícies.

Quais são os diferentes estilos de graffiti, quias são as diferenças entre a arte do estêncil e a arte do graffiti padrão, e quais ferramentas você acredita serem as melhores para desenvolver cada tarefa?

Guaen Lee – O grafitti e a street art são um campo de infinito de possibilidades, existem diversos estilos: bombs, tipografia, abstrato, muralismo, minimalismo, assim como os estilos artísticos contemporâneos quase todas as vertentes estão presentes também na street art.

O estêncil surgiu como arte de protesto urbano assim como o grafite, porém o estêncil ele é feito um molde perfurado que quando colocado em frente a uma parede ou superfície e é feita a aplicação de tinta através do corte papel. Em contrapartida o grafite “padrão” ele é aplicado de maneira livre do spray ou pincel na parede sem um molde físico pré-definido.

Porém de toda forma, eu acredito que cada pessoa deve testar quantas técnicas forem necessárias e escolher e adaptar aquela que melhor se encaixa na sua personalidade, só dessa maneira, o ato de “criar” um estilo, é a soma de todos essas técnicas e estilos que você gosta sintetizados à você.

Você também personaliza tecidos. Você gostaria de comentar sobre esse projeto?

Guaen Lee – Eu sempre gostei da idéia que a arte não está apenas nas galerias, está em tudo ao redor, então a ideia de eu ter uma obra de arte ambulante me fascina. Essa quarentena apesar de todo sofrimento, eu tenho visto bastante gente se aventurando em pintar suas roupas, aventais e tênis fiquei bem feliz de ver isso!

Eu gosto de pintar qualquer tipo de tecido, eu já trabalhei com camisetas, conjuntos, jaquetas, sapatos e até chinelos. Atualmente eu trabalho sob encomenda, ou seja o cliente me fornece a peça própria e eu a transformo em uma experiência artística personalizada para cada pessoa. Porém, sempre existiu em mim um sentimento de criar alguma marca ou coisa do gênero, mas neste momento isso é um projeto para o futuro.

De que modo a gente pode entrar em contato?

Guaen Lee – Para me contactar seja para graffiti, telas de arte, customização ou qualquer outro projeto artístico pode me encontrar via:

Instagram: Perfil
E-mail: Toque aqui para encaminhar mensagem
Website: Link

Eu gostaria de agradecer primeiramente ao IOYK que me deu essa oportunidade de contar um pouquinho da minha história e também poder contribuir com essa iniciativa maravilhosa, e também a todos que interessaram a ler até aqui, obrigado e respirem arte.

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