Entrevista exclusiva do IOYK | BR com o Riccieri Paludo – SC, Brasil

ATUALIZADO Dezembro 19, 2020

Benvindo ao IOYK | BR Riccieri. É um prazer tê-lo aqui conosco.

Riccieri Paludo – Olá a todos os leitores da IOYK | BR, bem vindos, é uma alegria fazer parte dessa entrevista e poder contar um pouco mais sobre meu trabalho, além de estar fazendo parte da publicação desta startup que busca inovação no meio digital.

Você gostaria de comentar sobre sua historia ao redor da arte?

Riccieri Paludo – Aos 10 anos comecei a estudar violão popular em minha cidade natal, Lages-SC, ao longo dos anos fui conhecendo outros universos e estudei guitarra e contrabaixo elétrico também. Naquela época a música era algo mais secundário devido aos afazeres da escola, mas sempre esteve presente. Tive bandas com colegas e amigos, de vez em quando nos apresentávamos em datas especificas do colégio e próximo aos 18 anos já nos apresentávamos em bares e festas da cidade.

Acabei vindo para Florianópolis cursar sistemas de informação na UFSC, até que depois de um ano e meio, me sentia fora de meu caminho. Nesse período em que já pensava em trancar o curso de sistemas para cursar música um tio meu, próximo, morreu de acidente de trânsito. Esse acontecimento me fez pensar muito sobre a fragilidade da vida e questionei ainda mais minhas escolhas até então.

A partir desse momento não vi mais sentido em fazer algo que não era o que eu vibrava, se estava suscetível a morrer a qualquer momento, como sempre estamos, seria buscando o que fazia sentido pra minha essência. Resolvi trancar sistemas e voltei para o interior para me preparar para a prova de música.

Dessa vez em vez de Lages fui a Pouso Redondo, próximo a Rio do Sul no estado de Santa Catarina para poder me preparar para o vestibular de música da UDESC. No período que tranquei fiquei 6 meses nessa região, lá mergulhei um pouco em outras cenas onde toquei guitarra e baixo em bandas locais de sertanejo, música gaúcha, rock e também em um projeto de música eletrônica que montei com meu irmão Jóbis Paludo que é baterista e percussionista.

Foi nesse projeto de música eletrônica, chamado Grand Fratelli, que entrei no mundo da produção musical, trabalhei com meu irmão nesse período que moramos juntos e após também. Montamos esse projeto live de música eletrônica, que unia a música eletrônica, o “som mecânico” com a performance ao vivo. Tivemos a ideia de inserir vários instrumentos como guitarra, percussão, uma bateria de canos que construímos especialmente para o projeto, similar à do Blue Man Group, além de instrumentos eletrônicos e também mais tarde violoncelo.

Nesse processo de adentrar no mundo da música eletrônica passamos a fazer cursos online de produção musical e aprender sobre o processo, foi aí também que a composição passou a fazer parte da minha vida, seguimos com o projeto durante mais 2 anos mesmo depois de minha vinda pra Florianópolis e nos apresentamos em alguns lugares do estado, foi um período muito importante pra mim em muitos aspectos ter feito esse projeto. Além da música e de minha iniciação na produção musical, pude ter uma convivência mais profunda com meu irmão, onde tive vários aprendizados que levarei pra vida.

Você tenha planejado trabalhar na produção musical?

Riccieri Paludo – Não, apesar de estar produzindo obras estava bem focado na questão da música eletrônica.

De que modo você alcançou essa meta?

Riccieri Paludo – Acabou acontecendo naturalmente, não foi algo que eu planejei, mas de certa forma hoje não me veria fazendo outra coisa que não fosse voltado a compor e criar, inclusive minha área de pesquisa do mestrado hoje é composição.

Voltando pra Florianópolis estudar música na UDESC, acabei conhecendo algumas pessoas das artes cênicas e do contato e improvisação (vale muito pesquisar sobre), onde fui convidado a improvisar com eles tocando enquanto eles dançavam e também improvisavam.

Esse acontecimento me fez pensar muito sobre a fragilidade da vida e questionei ainda mais minhas escolhas até então.

Riccieri Paludo

Depois disso algumas pessoas do teatro me viram nesse contexto e começaram a me convidar para participar de projetos, fazer a trilha sonora de algumas peças deles, aí foi começando minha inserção no mundo profissional da produção musical. Durante o decorrer da graduação em música fiz a trilha sonora de mais de 6 espetáculos dentro do CEART (Centro de artes da UDESC), acabei também entrando no mundo da dança contemporânea e jazz após conhecer o coreógrafo da Skiante Cia de Dança, Roberto Skiante, que também estudava no CEART.

O trabalho com a Cia Skiante acabou se estendendo, criamos muito juntos, compus trilhas para várias coreografias de competição da Cia e tivemos a alegria de termos ganho premiações em diferentes festivais de dança que nos inscrevemos no decorrer dos anos, como: O festival de dança de Joinville (considerado um dos maiores festivais de dança do mundo),  “Passo de arte” em São Paulo, o “Prêmio Desterro” em Florianópolis, o Encontro catarinense de dança, o Festival arte em movimento em Jaraguá do sul e também no Joinfest de joinville.

Além do cenário competitivo da dança compus a trilha de um espetáculo de dança teatro chamado Latência, o qual eu também tocava parte da trilha composta ao vivo no violoncelo. Algumas dessas obras podem ser encontradas no EP que lancei ano passado, Continuum, disponível no spotify e em varias plataformas digitais .

Quero Ouvir a Faixa do Riccieri Paludo
Latência

Recentemente também fui convidado para fazer a trilha sonora de pequenos curtas-metragens que estão em processo de criação e sigo compondo para um outro EP instrumental que tenho previsão de lançar final do ano, além de também em breve lançar as obras que estou produzindo durante a pesquisa do mestrado.

Você é um violoncelista profissional. Onde você estudou, por que você escolheu esse instrument e o que faz com que ele seja especial para você?

Riccieri Paludo – Todo meu estudo de violoncelo foi em Florianópolis, tive a felicidade de encontrar o Irineu Melo no IFSC que abriu as portas para eu iniciar no cello (inclusive ele fez isso com vários outros músicos de vários instrumentos, obrigado Irineu), fiquei um breve tempo ali e depois segui estudando com alguns professores da ilha. Hoje curso também o bacharelado em violoncelo e tenho aula com Hans Twitchell e Arthur Bencke, ambos professores da UDESC.

Sobre a escolha do instrumento, acho que acabei sendo escolhido por ele quando entrei em contato com ele, quase que como uma iniciação haha, mas apesar de ele hoje ser meu instrumento principal vivo um poli amor musical. Como compositor é muito enriquecedor conhecer um pouco de cada universo e acabo estudando um pouco também outros instrumentos como: violão, voz, piano, percussão, baixo e violino. Apesar de maior parte do meu estudo diário de instrumentos ser dedicado ao cello, acredito que aprender um pouco de outros instrumentos também acrescenta como cellista, e vice-versa.

Talvez o que o torne especial pra mim seja a sua expressividade e timbre, acho que todos temos um timbre que nos toca mais, mas ao mesmo tempo gosto de vários instrumentos, acho que cada timbre/instrumento expressa e toca uma parte específica de nós, não da pra escolher todos não? Haha.

Você gostaria de compartilhar algumas dicas/passos a seguir para quem está começando produzir trilhas sonoras?

Riccieri Paludo – Eu acredito que uma dica de ouro é estar em conexão e comunicação com o grupo ou pessoa com quem você está trabalhando. Eu procuro entrar bastante no universo do diretor, e também dos atores ou bailarinos. Se a concepção artística vem deles, procuro perguntar qual cor tem a cena, qual o sentimento, quais cheiros, qual a temperatura, acho que todos esses são aspectos que fazem a gente entender um pouco do cenário, e do que se passa no imaginário e no sentir da pessoa ou grupo que criaram a concepção em questão.

Importante lembrar como a música se coloca e o que ela pode representar em cena, as vezes ela pode refletir o estado mental de um personagem, o amor que ele sente, as vezes evoca o frio, a distancia de quem ela ama, ou mesmo o medo. Entender sobre o que você está musicando, e se permitir mergulhar junto com a direção e / ou grupo, entrar no universo deles é uma das coisas que acredito ser muito importante quando estamos unindo artes.

Quais são suas influências musicais o os artistas que você admira?

Riccieri Paludo – Sou muito eclético musicalmente e procuro me “alimentar” de praticamente tudo, gosto muito de ouvir desde “música de concerto” até a mais pura manifestação popular de raiz, acho que em toda manifestação há valor, com olhares atentos encontramos uma verdade sendo expressa, se ela estiver presente em quem a faz. Acredito que toda música é a expressão de alguém com as ferramentas que se tem disponíveis na mão e no coração.

Eu nomeio hoje seu Nelson da Rabeca, tive a honra de conhecê-lo pessoalmente há um mês atrás quando fui comprar um rabecão (uma espécie de rabeca violoncelo), e tocar com ele em Alagoas. Seu Nelson é um músico alagoano, construtor de rabecas, que hoje tem 78 anos. Contrariando (que bom) tudo o que se pensa no senso comum sobre começar a tocar cedo, Nelson começou a tocar e construir rabecas aos 54 anos. Antes disso trabalhava cortando cana no interior e logo após aprender a tocar a Rabeca que ele mesmo construiu com seu facão, passou a trazer o sustento da família tocando e até sendo melhor remunerado do que na roça.

O que admiro nele é a verdade que ele carrega em sua música, acredito que quando temos verdade, somos espontaneamente nós mesmos, a arte quebra barreiras e toca profundamente a essencia de quem entra em contato com ela. Consequência e prova disso é o caminho que ele percorreu, além de ter sido reconhecido como um patrimônio cultural brasileiro, tocou já com grandes músicos como Hermeto Pascoal, Gilberto Gil, entre outros nomes do Brasil.

Importante lembrar como a música se coloca e o que ela pode representar em cena, as vezes ela pode refletir o estado mental de um personagem, o amor que ele sente, as vezes evoca o frio, a distancia de quem ela ama, ou mesmo o medo.

Riccieri Paludo

Quais são as ferramentas você usa para trabalhar e porque você as escolheu?

Riccieri Paludo – Eu uso o Ableton Live. No inicio foi principalmente por indicação do professor que fiz as primeiras aulas de produção. Mantive a escolha por ser um software muito versátil, estável e que me agradou em várias facilidades durante o processo de produção. Além de que ele também poder ser facilmente utilizado em performances ao vivo (o que fiz muito no trabalho com meu irmão, citado acima).

Você está atualmente trabalhando em um novo álbum?

Riccieri Paludo – Ano passado a vida me trouxe algumas situações doloridas mas que deram grandes aprendizados e crescimento, nesse processo todo encontrei a escrita e a canção como amigas e uma forma de expressão e ressignificação/cura de tudo isso que passei. Estou trabalhando em algo que nunca tinha feito ou me visto fazer até então, um EP com canções, são três canções que compus durante esses processos e que senti muita vontade de colocar pra fora e compartilhar. Fiquem no aguardo hehe. O lançamento estava previsto para abril, mas devido todas as questões que enfrentamos agora do coronavírus provavelmente será postergado por algumas mudanças de data nas gravações e processos da finalização. Em breve mais informações sobre estarão disponíveis no meu Instagram e será disponivilizado na plataforma de IOYK ™ MUSIC.

De que modo a gente pode entrar em contato?

Riccieri Paludo – Posso ser encontrado facilmente no:

Instagram: Perfil
WhatsApp: Toque aqui para encaminhar mensagem

Riccieri Paludo – Queria me despedir dizendo que independente da situação que o mundo se encontre agora, tudo passa e todo esse processo que estamos passando agora que tem sido bem intenso vai passar também. Existem coisas boas dentro de nós que podemos alimentar buscando as fontes certas, vamos tentar alimentar coisas positivas na gente, nos informando sobre o que acontece, estando atentos, mas também buscando fontes de bom alimento mental, aproveitemos para meditar, ouvir música, conhecer coisas diferentes (nem que seja online), manter a saúde mental dentro disso tudo que ta acontecendo é importantíssimo.

A arte tem um papel nisso tudo, nos empodera, nos relembra que somos humanos, que sentimos, nos faz lembrar que somos mais que o medo ou que qualquer outra coisa que nos assuste. Tenho certeza que apesar do todo agora, colheremos bons frutos com esse tempo que a terra nos forçou a germinar nós mesmos dentro de casa. Um grande abraço a todos e ao equipe do IOYK.

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