Existe algo que não se pode negar: os Estados Unidos são a principal potência do mundo. O rápido crescimento da economia aconteceu principalmente pela acúmulo de capital que na segunda metade do século XIX. Já no começo do século XX os norte-americanos possuíam inúmeras e poderosas empresas nas áreas de ferrovias, indústria de automóveis e aço.
Acontecimentos históricos como as guerras mundiais (1ª e 2ª Guerra) também impulsionaram o aumento da economia dos Estados Unidos. Com os fatídicos acontecimentos, a Europa estava em reconstrução. Foi aí que os americanos ofereceram empréstimos e mercadorias ao continente europeu, resultando no aumento do PIB.
Tal feito consolidou portanto os Estados Unidos como a maior potência mundial. Já no decorrer do século XX houve a expansão do comércio e das multinacionais, que avançaram no processo de acúmulo de capitais no país. A América passou a ser visto como um ideal de vida segura financeiramente e feliz, principalmente para estrangeiros que buscavam o chamado sonho americano.
País rico, mas sem água.
Mas porque contextualizar todo um cenário de expansão da economia para se referir a crise de água na América? Digo a você que os dois assuntos tem muita ligação. Nos dias de hoje e já algum tempo, os americanos vivem uma triste realidade: uma crise de água potável. Muitas famílias tem problemas no acesso e a má qualidade.
A escassez está amplamente ligada ao acelerado desenvolvimento americano. Existem problemas sociais e de exploração econômica que tem agravado o estresse hídrico, são eles:
- O aumento da população
- Urbanização
- Pobreza e desigualdade social
- Agropecuária, que é a maior consumidora de água em todo o mundo. É responsável por 69% da retirada anual, de acordo com dados de 2019 da Organização das Nações Unidas (ONU)
- Poluição
- Desmatamento
- Mudanças climáticas
Para se ter uma ideia, em solo americano, sete estados apresentam seca devido à ausência de chuvas. O que tem mais preocupado é a Califórnia, com o comprometimento de 100% do território, obrigando o governo a buscar soluções como a dessalinização. Existem também multas que são aplicadas diariamente devido ao desperdício e descontos para aquelas pessoas que reduzirem o consumo.
Existe outra informação sobre a crise hídrica nos Estados Unidos que tem preocupado bastante. Mais de 5,6 milhões de pessoas estão expostas a uma substância chamada nitrato na água potável, que podem causar problemas para a saúde.
O estudo revelou que os níveis maiores de nitrato são achados em comunidades com maior números de pessoas hispânicas. A descoberta lança um alerta sobre a qualidade da água potável nos Estados Unidos e o impacto dessa contaminação nas comunidades mais vulneráveis socialmente.
Falta d’água gera conflitos entre México e Estados Unidos.
O chamado estresse hídrico tem provocado contínuos conflitos. O mais recente aconteceu entre México e Estados Unidos em setembro de 2020. Agricultores fecharam a Barragem de La Boquilla, no México, de maneira que houve a interrupção de água que os mexicanos devem entregar aos Estados Unidos devido a um tratado assinado em 1944.
O acordo determina a utilização das águas dos rios Colorado e Grande através dos dois países. Os trabalhadores afirmam que precisam da água para a produção agrícola. Trata-se de um conflito antigo com relações diplomáticas estremecidas entre os países. Os Estados Unidos devem entregar 1,8 bilhão de metros cúbicos de água do Rio Colorado ao país vizinho. Já os mexicanos tem que entregar 2,2 bilhões de metros cúbicos, do Rio Grande a cada cinco anos.
Durante o conflito, duas pessoas morreram e outras ficaram feridas, deixando um rastro de incerteza sobre como irá proceder a distribuição de água entre os países e o futuro da atividade agrícola mexicana.
Fotografia: Steve Harvey