Meu sonho de me tornar um designer gráfico mudou tudo

Olá galera, tudo certo? Sou o Caio Salmont, tenho 30 anos, paulista e sou formado em Design Gráfico. Mas ao contrário do que diz minha formação acadêmica, eu nunca trabalhei na área da arte, olha que louco isso rs…

Durante toda minha vida eu desenhei, sempre gostei de fazer rabiscos, monstros, personagens e tudo que tinha direito. Com o tempo fui entendendo melhor as coisas e passando a melhorar meu traço. Aos 18 anos, no meu primeiro emprego, (clássico call center) resolvi fazer uma faculdade que poderia me direcionar ao caminho da arte. Entretanto, tive uma boa oportunidade de trabalho no atendimento de um grande banco, até cheguei a terminar a faculdade, mas era muito leigo sobre o mercado de trabalho na área da arte e por conta disso resolvi me firmar no banco e deixei a arte apenas como um hobbie, porque tinha medo de que a partir do momento que desenhar se tornasse uma obrigação profissional, eu perdesse o gosto.

Bem meus amigos, isso só provou o quanto eu era inexperiente, trabalhar com aquilo que amamos é algo extraordinário, mas eu demorei um pouco para entender isso. Não que eu não gostasse do meu trabalho, sempre fui muito feliz nos trabalhos que tive, só que eu sempre senti que faltava algo, eu gostava, mas não amava.

Durante um tempo me aventurei em criar logomarcas, não divulgava nada e nem apresentava portifólios, apenas fazia para amigos que conheciam meus desenhos e perguntavam se eu criava algo, então, dependendo do que fosse, eu cobrava um valor simbólico. Até que em 2019, junto a um grande amigo de infância, comecei um curso de desenho na escola de artes do incrível artista e Professor Mario Freie, em Suzano, SP. Assim que iniciamos o curso minha cabeça virou, pois eu nunca fui atrás de um profissional da área para entender técnicas e aprender mais, sempre tive a arte como um hobbie e ia simplesmente desenhando e tentando melhorar por mim mesmo.

Nas aulas que aconteciam aos sábados pela manhã, o tema sempre era livre, era um curso bem tranquilo em que eu poderia escolher uma grade que o professor iria me direcionando, ou eu poderia falar “professor quero aprender realismo” ou “quero ser um desenhista de mangás”. O professor Mario é incrível e tem um vasto conhecimento sobre a arte.

Nesse curso eu passei a entender que uma folha de papel não é simplesmente uma folha rs. Existem várias gramaturas e materiais diferentes, além de técnicas de pinturas com o lápis preto, branco e colorido. Consegui pela primeira vez fazer um desenho realista, fiz a Malévola, interpretada pela Angelina Jolie. Me surpreendi com o resultado. Eu desenhava, mas nunca tinha se quer arriscado fazer algo realista, pois eu sabia que não conseguiria um resultado satisfatório.

Segui com meu trabalho, na época atuava como analista de suporte governamental em uma empresa de telecomunicações, mantendo a arte como um hobbie, mas dessa vez com ideias de trabalhar como autônomo paralelo ao meu emprego. Infelizmente chegou o Covid-19 e nos deixou em uma quarentena torturante, que dura até o momento que voz lhes escrevo, e por conta disso houve uma pausa no curso. Continuei meus desenhos em casa, foi quando o velho marketing digital começou a me apresentar várias propagandas de curso de escultura 3D para colecionáveis, especificamente do artista Álvaro Ribeiro que é uma referência absurda nesse universo de colecionáveis, e foi aí que eu resolvi dar as caras no mundo do 3D.

Comprei uma mesa digital da Wacon, modelo CTL472 que me atendeu muito bem. Passei a rabiscar em alguns programas específicos para desenhar e simplesmente amei, achei até meio “roubado” desenhar no digital comparado com o clássico, pois você pode ter mais de 100 tipos de tracejados diferentes, coisa que no papel você tem que treinar e desenvolver técnicas para alcançar cada traço, além de diversos outros fatores, mas a ideia inicial da mesa nem era para desenhar e sim para me ajudar a executar a modelagem 3D.

Instalei o software Zbrush no meu PC, que não é nenhum PC gamer, na verdade fica bem na classificação de um PC para uso casual mesmo, assim que testei o programa e vi que dava para usar numa boa, assinei o curso básico de colecionáveis do artista Álvaro Ribeiro e assim iniciei minha nova jornada.

No primeiro projeto desenvolvemos um Orc, intitulado de Durorck, que é um personagem criado especialmente para aquele curso, com traços no estilo cartoon com alguns acessórios que se torna um desafio bacana para quem está começando. Fiquei cerca de 1 mês para finalizar o projeto, tinha dia que ficava duas horas, três horas e até 6 horas modelando, mas não modelava todo dia, e quando terminei fiquei maravilhado.

Quando você termina o projeto você aprende a preparar o arquivo para uma impressão 3D, (os famosos cortes que o pessoal “adora”) e a fazer o render, que é apresentar o seu modelo no portifólio. Tiramos alguns prints da pose que mais gostamos, jogamos a imagem no Photoshop e lá acontece a mágica. Pode-se renderizar em diversos tipos de softwares, depende da experiência que a pessoa tiver.

Assim que o processo inteiro do curso foi concluído, me inscrevi no curso avançado do Álvaro Ribeiro, participei da 5° turma, e aí o desafio começou a ficar difícil. O tempo do curso foi de 3 meses, com lives quinzenais para um curto feedback. No curso aprendemos as etapas da modelagem e escolha de concept, que é onde se escolhe o que vai modelar (pudemos escolher entre uma cena de filme, mangá, HQ ou até mesmo uma arte que você criou). Em seguida, iniciamos o processo de modelagem com a blocagem do concept, para entendermos se a nossa ideia que está no 2D vai funcionar bem no 3D. Depois vem a parte de refinamento, que é quando a ideia já está pronta e de fato vamos começar a dar vida para nossa peça modelada. Por último, trabalhamos a renderização e apresentação do modelo.

No decorrer do curso aprendemos do zero a esculpir uma anatomia humana inteira, podendo optar pela figura masculina ou feminina, mas as aulas seguem com um corpo masculino. Nessa parte de anatomia a missão foi desafiadora, teve um domingo que fiquei quase 12 horas para esculpir o tronco do personagem, me dediquei ao máximo. Para mim que estava começando a entender o 3D, os prazos de entrega eram desafiadores.

Meu personagem foi o Dr. Doom, vilão da Marvel especificamente do quarteto fantástico. Foi um desafio poderoso, mas consegui concluir o curso e entregar meu projeto até a data da última live e só consegui realizar esta façanha porque tive um apoio absurdo da minha esposa que aliviou as tarefas de casa para mim, meu deu vários feedbacks e me levantou diversas vezes para não desistir. Claramente se não fosse por ela eu não teria conseguido! Também fiz algumas amizades “virtuais” com outros alunos que hoje posso chamar de amigos que me ajudaram muito nessa jornada.

Após a conclusão do curso avançado, entendi que esse seria meu novo hobbie e minha nova paixão, e desde então dedico 90% do meu tempo livre ao 3D (no caso o tempo livre que tenho para mim. Tenho esposa, um doguinho e o restante da minha família rs, tenho que ter tempo livre para eles também! É importante administrar da melhor forma possível, cuidado com isso ein galera).

Segui realizando esculturas nos 3D, focado em realizar esculturas para colecionáveis, pois existe uma diferença nas modelagens.

Você pode fazer uma arte 3D, migrar seus arquivos para diversos programas diferentes e colocar roupas em um programa, pelos em outro, cores em outro e assim concluir a sua arte, ou modelar apenas a parte que vai ficar visível para apresentação algo mais artístico, modelagem para games e diversas outras modalidades…

Hoje eu sigo as modelagens unicamente no software Zbrush, e concluo o render no Photoshop e/ou renderizados Keyshot dando mais foco na minha técnica em modelagem para colecionáveis.

Atualmente faço parte do grupo de estudos do artista Fabio Nishikata que tem uma técnica única e é um artista esplendido, seu curso segue um rumo mais livre com aulas gravadas, mas com ampla variedade de conteúdos que eu ainda não terminei de absorver, até porque o conteúdo é sempre atualizado.

Continuo me dedicando muito ao 3D, pois é algo que exige muitas horas de treino para evoluir. Só está no 3D quem realmente ama, porque não é fácil não. Atualmente meu plano é manter os estudos e trabalhar minhas esculturas focando em colecionáveis, para quem sabe entrar em uma empresa de modelagem 3D para colecionáveis, ou até mesmo trabalhar de maneira free lancer. O objetivo é ter a modelagem como uma profissão e assim concluir o tão sonhado “trabalhar com o que eu amo”.

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