Órgãos artificiais podem ser criados no espaço

Uma fábrica de órgãos. Falando assim parece um enredo de um filme de ficção, mas acredite, é a realidade. A possibilidade de imprimir um coração humano ou um fígado, por exemplo, já vem sendo alvo de pesquisa há anos (pelo menos 20 anos segundo Laura Niklason, professora de anestesia e engenharia biomédica em Yale).

A novidade no ramo foi anunciada pela Nasa este ano. A agência espacial americana informou que está cada vez mais perto de conseguir imprimir um órgão artificial 3D do espaço. O anúncio é resultado da competição Vascular Tissue Challenge, que com objetivo de movimentar pesquisas de impressão de órgãos.

Foram seis anos de competição até que a agência revelou duas equipes vencedoras. O desafio consistia em criar órgãos humanos vascularizados e espessos, mas que seriam capazes de sobreviver durante 30 dias.

As equipes WFIRM e Winston, que fazem parte do Wake Forest Institute for Regenerative Medicine se destacaram. Usaram técnicas diferentes de impressão 3D para criação de tecido hepático feito em laboratório, mas cumpriria as normas estabelecidas pela Nasa.

De acordo com Anthony Atala, líder da equipe WFIRM, a competição representa um avanço para a bioengenharia, já que o fígado é o maior órgãos do corpo humano. É considerado um dos mais complexos, devido às funções que desempenha.

Ainda há desafios no campo da bioengenharia.

Apesar do feito, os grupos vencedores ainda tem alguns obstáculos pela frente. Um deles é fazer com que os órgãos sobrevivam e consigam manter as funções por longos períodos. Para chefe de engenharia biomédica da Universidade de Melbourne, Andrea O’Connor o projeto é desafiador, porém ambicioso.

O administrador dos testes da Nasa Lynn Harper o valor do tecido artificial irá depender de como ele irá se comportar no interior do corpo. Além da expectativa da sobrevida do órgão em um longo período de tempo, outra preocupação dos cientistas está relacionada à exposição à radiação e como ela pode afetar as células saudáveis no transplante.

Com a premiação de US$300.000, a Winston, equipe que faturou o primeiro lugar enviará a pesquisa à estação espacial, onde outros estudos são realizados sobre o assunto.

O que a impressão de órgãos representa para a saúde?

Imprimir órgãos 3D é um avanço na área da saúde, principalmente em épocas em que as filas dos transplantes estão cada vez maiores. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, enquanto houve aumento no número de transplantes cardíacos (17,6%), houve retração na quantidade de procedimentos pulmonares (16,7%).

Os números gerais também preocupam, já que houve redução de 1,2% de doadores concretos por conta da queda de 2,1% de procedimentos efetivados. Os números são referentes à pesquisa realizada pelo órgão no primeiro trimestre de 2019 em relação aos três meses anteriores.

Israelenses já apresentaram protótipo de órgão

Em 2019, os israelenses chamaram a atenção do mundo quando criaram um protótipo de um órgão do tamanho de uma cereja. Produzido com células de um paciente, foi o primeiro coração com ventrículos, vasos e câmaras impresso em laboratório.

O feito veio de cientistas da Universidade de Tel Aviv, em Jerusalém. Na época, o professor que liderou a pesquisa Tal Dvir, o órgão estava vivo, completo e palpitando.  Apesar da realização o líder da pesquisa chegou a dizer que ainda era possível desenvolver mais para se chegar em um órgão que pudesse ser transplantado para um ser humano.

Na ocasião a criação do protótipo representou um avanço para a ciência e abriu caminhos para realização de transplantes, já que o órgão foi feito com as células tronco do próprio paciente.

Fotografia: Alan Calvert

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